Pelo menos quatro pessoas morreram em consequência do ciclone tropical Freddy que atingiu o Madagáscar. Mais de 11.000 pessoas ficaram deslocadas. Freddy deverá atingir a costa moçambicana até à próxima sexta-feira.
De acordo com o Gabinete Nacional de Gestão de Riscos de Catástrofes de Madagáscar (BNGRC), o mau tempo, acompanhado de ventos fortes na costa leste, fez quatro mortos, afectando um total de 16.660 pessoas.
Cerca de 3.300 casas foram inundadas e outras tantas ficaram
danificadas. Mais de 11.000 pessoas foram obrigadas a sair das suas casas, a
maioria foi transferida para abrigos de emergência como medida de precaução.
O ciclone trouxe menos chuva do que se temia, mas rajadas de
vento de até 180km/h arrancaram telhados de prédios e devastaram vastas áreas.
"Os danos registados estão relacionados essencialmente
com o vento", explicou Faly Aritiana Fabien, do BNGRC, em declarações à
agência France-Presse.
A tempestade atingiu o norte de Mananjary. A cidade costeira
de 25.000 habitantes ainda estava a lidar com a destruição deixada pelo ciclone
Batsirai, no ano passado, que matou mais de 130 pessoas.
Moradores avaliam danos
Em Mananjary, os moradores acorreram esta manhã às ruas para
avaliar os danos provocados pelo ciclone e salvar o que conseguissem. Apesar
dos milhares de sacos de areia usados para reforçar os telhados, a força do
vento espalhou muitas chapas de metal.
Faly Aritiana Fabien, do Gabinete Nacional de Gestão de Riscos de Catástrofes, sublinhou que o Freddy foi "um dos ciclones mais fortes" a atingir o país. Cerca de dez tempestades ou ciclones atravessam anualmente o sudoeste do Oceano Índico durante a época dos ciclones, que decorre entre outubro e abril.
Pascal Salle, morador da cidade de Mananjary, chorou ao
avaliar os novos danos, pouco tempo depois do ciclone Batsirai do ano
passado.
"Não pensei que houvesse um ciclone mais poderoso do
que Batsirai", exclamou. "A cerca caiu, a minha caixa de água de
plástico partiu-se, uma janela foi arrancada e o jardim transformado num campo
arenoso. Não posso passar por isto todos os anos, não é possível",
lamentou.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) estima que mais de 2,3
milhões de pessoas em Madagáscar poderão ser afectadas pelo Freddy.
Ciclone a caminho de Moçambique
O Freddy foi descrito como uma das intempéries mais
duradouras dos últimos tempos, tendo já passado pela Ilha da Reunião e ao largo
das Maurícias, sem causar grandes danos. O ciclone desenvolveu-se durante a
primeira semana de fevereiro no noroeste da Austrália e no sul da Indonésia.
A previsão é de que o Freddy deixe Madagáscar esta
noite e atinja Moçambique até sexta-feira (24.02), já como tempestade tropical,
com fortes chuvas e ventos de menor intensidade.
O Governo moçambicano decretou na terça-feira o estado de alerta vermelho para acudir com maior agilidade às cheias que já estão a afectar o país.
Segundo um balanço actualizado na terça-feira, subiu para 95
o número de mortes na época das chuvas, total que contabiliza já 11 óbitos nas
cheias registadas entre 07 e 20 de Fevereiro no sul do país. Estas cheias,
que afectaram especialmente a região de Maputo, causaram prejuízos a 43.500
pessoas, fazendo subir para 100 mil o total de afectados desde o início da época
das chuvas.
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