O líder do exército do Sudão disse, esta terça-feira, que "não serão aceites iniciativas que não devolvam a normalidade à vida dos sudaneses" e reforçou que nenhuma solução vai legitimar o grupo paramilitar RSF.
O líder do exército do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, defendeu, esta terça-feira (09.05), que nenhuma solução para o conflito vai legitimar o grupo paramilitar Força de Apoio Rápido (RSF) e que a solução deve ser árabe ou africana.
"Queremos uma iniciativa verdadeira que devolva a
normalidade à vida dos sudaneses, não uma proposta incompleta que trave os
combates durante um tempo limitado e dê legitimidade a uma parte", disse
Al-Burhan em entrevista à televisão estatal egípcia Al Qahera News, difundida
pelos meios de comunicação sudaneses e citada pela agência espanhola de
notícias, a Efe.
Al-Burhan referia-se ao diálogo
indireto que existe entre o Exército e as RSF desde o passado sábado,
em total secretismo, na cidade portuária saudita de Yeda para abordar
"temas humanitários", no âmbito da mediação da Arábia Saudita e dos
Estados Unidos, países que mediaram também várias tréguas desde o início dos
combates, que subiram significativamente de tom desde
15 de abril.
Agradecendo "o esforços da Arábia Saudita e dos Estados
Unidos", al-Burhan insistiu que "não serão aceites iniciativas que
não devolvam a normalidade à vida dos sudaneses" e não explicou se em cima
da mesa estão outros temas para além das questões humanitárias.
"Damos as boas-vindas às iniciativas árabes e africanas; são os mais próximos de nós e os que melhor compreendem a natureza dos nossos problemas", salientou.
A ronda de conversações em Yeda, em
que participa também a ONU, tem como principal objetivo conseguir um
cessar-fogo que permita o fluxo de ajuda aos sudaneses, um país mergulhado numa
catástrofe humanitária.
Milhares fogem do país
Os confrontos obrigaram mais de 700.000 pessoas a fugir do
país, o dobro do número registado há uma semana, anunciou a ONU, esta
terça-feira.
"Este número é mais do dobro do número de pessoas
deslocadas internamente" contabilizado na passada terça-feira, disse Paul
Dillon, porta-voz da Organização Internacional das Migrações (OIM).
As hostilidades eclodiram em 15 de abril, após semanas de
tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação
de um novo governo de transição.
Ambas as forças estiveram por detrás do golpe conjunto que
derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.
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