Cinco pessoas morreram na
sequência de uma onda de desinformação sobre a cólera em Moçambique, disse o
comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael. As vítimas são maioritariamente
líderes locais e técnicos de saúde.
As vítimas são maioritariamente líderes locais e técnicos de
saúde, mortos por populares sob alegações de estarem a levar casos de cólera às comunidades,
explicou Bernardino Rafael, durante um comício em Chiure, na província de Cabo
Delgado, no norte de Moçambique, realizado na quarta-feira (27.12).
"Pedimos à população para não acatar esta mensagens e
denunciar as pessoas que propagam desinformação em relação à cólera",
declarou o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Os casos estão a ser registados sobretudo nos distritos de
Chiure, Montepuez e Namuno, na província Cabo Delgado, onde as autoridades
registaram metade dos 26 casos de violência registados no país devido a
desinformação.
O fenómeno também está a ser registado em alguns pontos
recônditos dos distritos das províncias da Nampula, no norte de Moçambique, e
Zambézia, no centro, avançou.
Dezasseis
detidos
Pelo menos 16 pessoas foram detidas, entre maio e novembro, na província de Sofala, no centro de Moçambique, por passarem informações erróneas sobre a cólera, anunciou o ministro do Interior, Pascoal Ronda, referindo que a mentira sobre a doença tem resultado em linchamentos e destruição.
Os boatos sobre a origem da doença "atentam contra a
integridade física daqueles que se predispõem a ajudar na solução desta
problemática, além de causarem danos em infraestruturas públicas e privadas,
tais como postos de saúde, postos policiais e residências comunitárias",
declarou, em novembro, o ministro do Interior moçambicano.
A cólera é uma doença, tratável, que provoca fortes diarreias e
que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida. A
doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água
contaminados por falta de redes de saneamento.
Em maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o
mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de
pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença, apontando, já em
outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados
pelas alterações climáticas no mundo, situação que agrava a resistência de
infraestruturas e serviços que permitam evitar a doença.
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