Ndambi
Guebuza, filho de ex-Presidente moçambicano, foi condenado a 12 anos de prisão
na sequência do maior escândalo de corrupção "dívidas ocultas".
Ndambi Guebuza, filho do ex-Presidente moçambicano
Armando Guebuza, foi condenado esta quarta-feira (07.22) a 12 anos de prisão no
julgamento das dívidas ocultas, em Maputo.
"Procedendo
ao cúmulo jurídico das penas e acumulação material da multa [...] vai o réu
Armando Ndambi Guebuza condenado na pena única de 12 anos de prisão
maior", referiu o juiz Efigénio Baptista.
O tribunal
considerou provado que o filho do antigo chefe de Estado recebeu subornos
para influenciar o pai a aprovar o projeto de proteção costeira, usado para a
angariação do dinheiro que alimentou as dívidas ocultas. O juiz Efigénio
Baptista disse que Ndambi Guebuza foi condenado pelos crimes de associação para
delinquir e associação criminosa, chantagem, tráfico de influência,
falsificação, peculato e branqueamento de capitais.
O papel de António Carlos do Rosário
O tribunal
considera que uma peça-chave no "calote" foi António Carlos do
Rosário, antigo diretor da Inteligência Económica do SISE.
"Pelo
crime de associação para delinquir, vai condenado na pena de sete anos de
prisão. Pelo crime de peculato em concurso aparente com o crime de abuso de
cargo ou função e de violação de regra de gestão, vai condenado na pena de 11
anos de prisão, pelo crime de branqueamento vai condenado a 11 anos de prisão.
Procedendo ao cúmulo jurídico das penas vai o réu António Carlos do Rosário
condenado na pena única de 12 anos de prisão", anunciou o juiz.
O
diretor-geral do SISE, Gregório Leão, e o antigo conselheiro político do
ex-Presidente, Renato Matusse, também foram condenados a 12 anos na
prisão. A antiga secretária de Guebuza, Maria Inês Moiane, foi condenada a
11 anos de prisão.
Os
condenados terão de devolver ao Estado moçambicano o dinheiro que receberam do
grupo Privinvest, acusado do pagamento de subornos no âmbito das "dívidas
ocultas". Terão ainda de pagar multas e verão os seus bens confiscados a
favor do Estado.
Ndambi
Guebuza, António Carlos do Rosário e Gregório Leão foram igualmente condenados
a devolver 2,8 mil milhões de dólares.
Defesa vai recorrer
Isálcio
Mahanjane, advogado de Ndambi Guebuza, António Carlos do Rosário e Maria Inês
Moiane, diz que não concorda com a sentença e vai recorrer.
"Vamos
recorrer, vamos colocar os nossos elementos. O tempo vai nos ajudar a
solidificar aquilo que é a nossa defesa", adiantou.
Oito
arguidos foram absolvidos. Isálcio Mahanjane refere que isso significa que
os advogados provaram a sua inocência. A luta agora será para absolver os
condenados, acrescentou: "A vitória da ilibação de Elias [Moiane, sobrinho
de Maria Inês Moiane, acusado de ajudar a tia a branquear dinheiro] nos alenta,
porque os factos vinham da mesma Procuradoria, foram desmontados e agora vamos
trabalhar para desmontar, para garantir que os outros sejam ilibados
também."
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