Os corpos de 42 pessoas - incluindo 12 mulheres e seis
crianças - foram descobertos na aldeia de Nyamamba, enquanto os corpos de
outros sete homens foram encontrados na vizinha Mbogi, disse o porta-voz da ONU
Farhan Haq à imprensa.
A descoberta foi feita quando os "capacetes azuis"
das Nações Unidas se deslocaram àquela zona da província de Ituri, perto da
fronteira com o Uganda, para patrulhas, logo após receberem informações sobre
alegados ataques perpetrados pela Codeco.
A província foi
alvo de ataques imputados a um grupo da milícia local durante o fim
de semana. Farhan Haq disse que está agora a ser investigado se as valas
comuns estarão ligadas aos combates das milícias locais.
Na terça-feira (17.01), as autoridades locais confirmaram
que os ataques provocaram pelo menos 31 mortos, 24 em Nyamamba e sete em Mbogi.
"Dos 31, vimos apenas cinco corpos que foram mortos a
tiro, enquanto os outros foram degolados. Os atacantes usaram catanas. Foi
horrível", disse à EFE Freddy Mbindjo Panda, chefe administrativo das duas
cidades atacadas pelos rebeldes.
Represálias entre milícias
Segundo Jean Jacques Openji, coordenador da organização
"Allez-y les FARDC" ("Vamos, FARDC"), que apoia as ações
das Forças Armadas governamentais, no passado sábado, ao confirmar o sucedido,
os ataques serão aparentemente uma represália contra a milícia da Frente de
Autodefesa Popular de Ituri (FPAC-Zaire).
A FPAC-Zaire apresenta-se como um grupo de autodefesa cuja
missão é proteger a comunidade Hema contra os ataques do o grupo rebelde
Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco), que representa a
comunidade rival Lendu e foi formada como um grupo armado em 2018 para combater
os abusos do Exército da RDC, embora seja também acusada de numerosos
assassínios de civis.
As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores)
travaram uma longa disputa que causou milhares de mortes entre 1999 e 2003,
antes da intervenção de uma força de paz da União Europeia.
Enquanto a Codeco participou no início de dezembro passado
nas conversações de paz que o governo de Kinshasa e cerca de 60 grupos armados
mantiveram em Nairobi, a milícia FPAC-Zaire esteve ausente do diálogo,
patrocinado pela Comunidade da África Oriental (EAC).
Segundo a ONU,
desde dezembro pelo menos 195 civis foram mortos em vários incidentes
atribuídos aos dois grupos armados. A organização internacional disse
hoje que a sua missão no país (Monusco) está a auxiliar as autoridades na
investigação dos ataques.
Desde 1998, o leste da RDC está atolado num conflito
alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão
das Nações Unidas no país, com mais de 16.000 militares uniformizados no
terreno.
Sem comentários:
Enviar um comentário