A população na província moçambicana de Tete, centro de Moçambique, teme o alastramento rápido da doença depois do anúncio de 11 casos da doença na região.
Até ao momento, as autoridades de saúde na província
registaram os casos de cólera apenas na cidade de Tete. O quadro clínico dos 11
pacientes é considerado razoável e não houve casos de morte devido à doença.
Aguardam-se ainda os resultados de várias amostras de casos suspeitos.
O medo da população é que o vibrião colérico circule
rapidamente aumentando os casos e consequentemente colocando a província ou até
mesmo o país em situação similar à que se vive, por exemplo, no vizinho Malawi.
"Receio não falta, sempre temos medo", disse um residente de Tete.
"Se calhar, é melhor começar a trabalhar agora que os
casos são poucos, para evitar que o número se alastre e a coisa chegue a
escalar níveis de pandemia, o que nós não queremos. Se calhar, é preciso isolar
e fazer um rastreamento para perceber exatamente qual é a zona afetada e ir
atrás de mais casos", sugeriu outro habitante.
Lavagem das mãos e descontaminação
Tete é a quarta
província moçambicana a registar casos de cólera, depois do Niassa, no
norte do país, assim como de Sofala e Zambézia, no centro. Fica na
fronteira com o Malawi, país que diagnosticou um primeiro surto, no ano
passado, tendo registado até agora mais de 800 mortes devido à doença.
Hélder Dombole, chefe do departamento de saúde pública nos
serviços provinciais de Saúde, que confirmou o surto de cólera esta
quinta-feira (19.01), informou que foi ativada uma estratégia de contenção da
doença em toda a província, com maior enfoque na vigilância sanitária.
"Em todas as fronteiras foram colocados técnicos de
saúde e ativistas comunitários que garantem a implementação do protocolo
sanitário de prevenção de doenças diarreicas", explicou. "Isto inclui
a lavagem obrigatória das mãos para todos os viajantes que entram ou saem do
país. Colocámos também pedilúvios para a descontaminação das viaturas e
peões."
As autoridades definiram como prioridade da estratégia os distritos
de Moatize, Dôa, Mutarara, Macanga, Angónia e Tsangano, por estabelecerem
fronteira direta com a vizinha República do Malawi.
Ao mesmo tempo, tendem a aumentar os casos ligados a doenças
diarreicas, tal como as mortes por conta desta patologia. Só na primeira semana
de janeiro, a província registou mais de dois mil casos de diarreias. Além
disso, há também um aumento dos casos de Covid-19. Depois de um longo período
sem qualquer registo, foram detetadas 49 infeções com coronavírus nas últimas
duas semanas, sobretudo na cidade de Tete, de acordo com dados fornecidos pelas
autoridades sanitárias.
Sem comentários:
Enviar um comentário