Associação Íris Angola defende que os questionários do Censo 2024 devem ser mais inclusivos.
A associação LGBT Íris Angola defendeu esta quarta-feira (08.02) a inclusão da orientação sexual nos questionários sobre o Recenseamento Geral da População e Habitação - Censo 2024 para uma "integração nas políticas públicas", um pedido que está a ser estudado pelas autoridades.
"Sabendo onde estamos mais agregados, aí também
poderemos nós, responsáveis da comunidade, fazer mais advocacia junto do
Governo e de outros parceiros", disse o director da Íris Angola, Carlos
Fernandes.
Falando à margem da Semana Angolana de Estatística, promovida em Luanda pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Fernandes referiu que a comunidade LGBT em Angola precisa de políticas públicas específicas.
Em Luanda "encontramos muitos LGBT em Viana, no Zango,
então são zonas que precisam de políticas públicas específicas como escolas,
hospitais, onde por vezes não vão por não existir política pública de
capacitação de pessoas que trabalham nesses espaços", apontou.
Questionários mais inclusivos
O director e co-fundador da Associação Íris Angola defendeu
também que os questionários do Censo 2024 devem ser mais inclusivos,
considerando que os dados estatísticos da comunidade LGBT devem concorrer para
"melhor planificação" das acções.
"Angola, por exemplo, recebe dinheiro para o combate ao
VIH a nível das pessoas da nossa comunidade, então como é que vamos fazer uma
planificação se estamos a alcançar os objectivos, se não somos contados?",
questionou. "No Plano Nacional dos Direitos Humanos também fazemos parte
e, então, como é que vamos aferir se estamos ou não a avançar em torno dos
nossos direitos previstos no Código Penal? Então, é por este motivo que estamos
aqui a bater na tecla de sermos incluídos", explicou.
Em resposta, o director geral do INE angolano, José Calengi,
disse que a comissão técnica do Recenseamento Geral da População e Habitação
- Censo 2024 vai estudar o caso.
"Existe um padrão, as ideias foram apresentadas e a
comissão técnica vai estudar a maneira de os enquadrar, embora do ponto de
vista geral a temática do género esteja enquadrada, nós, como sempre temos
estado a dizer, todos contamos para Angola", disse.
Angola realiza, em 2024, o Recenseamento Geral da População
e Habitação e estima que a população atinja os cerca de 35 milhões de
habitantes. Decorre neste momento a actualização da cartografia em espaço
do território angolano para a definição e redefinição dos limites dos bairros
do país.
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