Os desastres rodoviários são a segunda principal causa de morte em Angola. Só em 2022, morreram nas estradas angolanas 2.999 pessoas. Os acidentes também deixam marcas profundas aos que sobrevivem.
Cerca de 50
vítimas de acidentes
de viação chegam diariamente ao Centro Ortopédico de Reabilitação
Polivalente Dr. António Agostinho Neto, em Luanda.
Beatriz Moniz
frequenta este centro na capital angolana há quase um ano. Sofreu um acidente
de motorizada que levou à amputação da sua perna esquerda.
"Quando me
deram a notícia que seria amputada foi muito triste. Eu não estava a
conseguir-me conformar, mas, graças a Deus, com a força de alguns padres,
madres e irmãs da Igreja que me deram muita coragem, aí me aceitei",
conta.
As pessoas entre
os 18 e 47 anos são o grupo populacional que mais morre nas estradas em Angola.
A médica Anacleta Kussumba, responsável pelo setor de ortopodesia no centro
ortopédico da capital angolana, revela que a instituição recebe, todos os dias,
cerca de cinquenta pacientes, vítimas de acidentes rodoviários.
"Eles
passam primeiro por consultas, são avaliados pelos médicos fisiatras, médicos
de clínica geral, e, depois, vem para aqui, para a área de ortoprotesia. Nós
aqui temos fisioterapeutas que preparam os pacientes", diz.
À espera de uma prótese
Anilson
Celestino, vítima de um acidente rodoviário, está à espera de uma prótese.
"Não sei se conseguirei fazer as coisas que fazia, mas com o apoio da
família, amigos e dos doutores estou aqui a contentar-me, porque eu não pensava
que estaria em vida"..
Beatriz Moniz
admite que, após a aquisição de uma prótese, espera também regressar à sua
província de origem, o Cuanza Norte, e retomar a sua vida normal. "A
prótese vai-me possibilitar fazer o que fazia antes, porque antes estudava,
vendia e conseguia sustentar os meus filhos, mas assim não consigo estudar e
trabalhar", explica.
Francisco
Paciente, presidente da Associação Nova Aliança de Taxistas de Angola (ANATA),
indica que, semanalmente, a sua organização regista cerca de cinco acidentes
rodoviários. Neste momento, a ANATA, acompanha doze antigos motoristas que
ficaram incapacitados na sequência de desastres na estrada.
"Estamos a
falar de cerca de doze jovens que tiveram acidentes graves, estão sem os
membros superiores ou inferiores, outros estão com objetos metálicos e à espera
de cirurgias", precisa.
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