O ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, está em vias de ser extraditado para os Estados Unidos. O activista Adriano Nuvunga espera que Chang "fale sobre os mandantes políticos" do "grande calote".
O antigo ministro das Finanças de Moçambique, Manuel
Chang, será
extraditado para os Estados Unidos da América (EUA) no início desta semana,
para responder pelo envolvimento no escândalo das dívidas ocultas, avançou
fonte oficial à agência de notícias Lusa.
No julgamento
das dívidas ocultas a decorrer em Inglaterra há também novidades: O
tribunal inglês decidiu, nomeadamente, que o julgamento deve avançar, mesmo
caso o Governo de Moçambique não divulgue os documentos secretos solicitados
pelo tribunal. Recorde-se que o Governo moçambicano ainda não divulgou os
documentos secretos relativos às dívidas ocultas, que estão na posse do
Gabinete do Presidente da República e do Serviço de Informações e Segurança do
Estado (SISE).
É sobre estes temas relacionados com o famigerado caso das
"Dívidas Ocultas" que a DW conversou com o professor e ativista
Adriano Nuvunga, diretor do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD),
que tem vindo a acompanhar de forma intensa o processo.
DW África: Quatro anos e meio depois da sua detenção na
África do Sul o antigo ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang será,
tudo indica, finalmente extraditado para os Estados Unidos. Seria, nesse caso
uma boa notícia para a higiene democrática e judicial?
Adriano Nuvunga (AN): A extradição de Manuel Chang para
os Estados Unidos é uma boa notícia para os moçambicanos. É uma vitória contra
a impunidade. É uma vitória da Justiça.
DW África: E o que é que a sociedade civil moçambicana
espera para o futuro, depois de Manuel Chang ter sido extraditado para os
Estados Unidos da América?
AN: O que nos interessa é, em primeiro lugar, que
Manuel Chang fale sobre os mandantes, os mandantes políticos deste grande
calote que são as dívidas ocultas. Segundo, que nos indique todos aqueles que
comeram da gamela. E em terceiro lugar, queremos saber onde estão os 500
milhões de dólares que os auditores da Kroll não identificaram os
justificativos para eles. Isto é o que nos interessa.
DW África: Sob o ponto de vista político, o que é que esta
extradição significaria?
AN: Sob o ponto de vista político, isto é significativo
para Moçambique, para os moçambicanos que hoje estão na miséria pelas acções
engendradas por esse homem a mando de alguém, claramente. E isto tem um
significado político importante, que é mesmo esse de dizer aos políticos de
Moçambique que a posição pública que ocupam é para o atendimento das questões
do desenvolvimento do nosso povo e não para pilharem os recursos em forma de
corrupção.
DW África: Seria, portanto, uma vitória do povo moçambicano?
AN: Isto é a vitória do povo contra a impunidade. E uma
mensagem muito clara àqueles que estão na posição do poder hoje, que podem
fazer todos os esquemas que empurram o povo a miséria, a pobreza, mas serão
apanhados.
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