Membros da sociedade civil lançam petição para recolher assinaturas e apoiar iniciativa da UNITA de destituição de João Lourenço. Exigem que a petição seja discutida no Parlamento, caso contrário, ameaçam sair às ruas.
João Lourenço Presidente de Angola
Membros da
sociedade civil angolana apoiam a iniciativa
de destituição do Presidente João Lourenço, proposta pela UNITA, o
maior da partido da oposição. Acabam de lançar uma petição online para recolher
assinaturas, na qual expõem e denunciam vários crimes que acusam João
Lourenço de ter cometido, desde a constante violação dos direitos humanos ao
falhanço na cruzada contra a corrupção.
À DW, o activista
Dito Dalí, um dos subscritores do documento, revela que o grupo
exige que a petição pública seja discutida no Parlamento. Caso contrário,
ameaça sair às ruas numa mega manifestação em Angola e na Diáspora.
DW África:
Porque decidiram juntar-se a esta iniciativa da UNITA para destituir João
Lourenço?
Dito Dalí
(DD): Decidimos desencadear esta recolha de assinaturas para reforçarmos e
apoiarmos o processo de destituição do Presidente da República [João Lourenço].
Porque entendemos que os problemas que afectam Angola afectam-nos directamente e,
enquanto sociedade civil, somos parte integrante do Estado angolano. Uma vez
que o Presidente da República incorreu em vários crimes, mais do que deixa-lo
continuar a praticar os mesmos crimes, o correto é exigirmos o seu afastamento
das funções públicas que exerce.
DW África: Nesta
petição online acusam o Presidente de Angola de violação constante dos direitos
humanos, denunciam também que tem havido mortes nas manifestações, como evocou
a UNITA. Mas também há outros crimes na vossa longa lista de irregularidades…
DD: Bem,
outros crimes que o Presidente tem praticado tem que ver com a corrupção. João
Lourenço apresentou-se como o grande reformador do aparelho do Estado e
comprometeu-se a combater a corrupção. Hoje, o Presidente da República passou a
ser o principal promotor da corrupção no país. Criou novos monopólios e
empresas ligadas a si e aos seus amigos. Quatro empresas onde todos os
contratos públicos são canalizados a essa empresa. Eliminou-se o princípio do
concurso público e da transparência. Além de a polícia matar os cidadãos nas
manifestações e a sonegação da Justiça. O Presidente da República não tem sido
capaz de entender que as vítimas que têm sido mortas nas manifestações, e não
só, precisam ver a justiça concretizada. Porque o Presidente, ao proteger os
criminosos, estimula outros crimes. À semelhança do que aconteceu recentemente
na província do Huambo,
manifestantes foram mortos e nenhum agente da polícia foi responsabilizado.
DW África:
Querem que esta petição pública seja discutida no Parlamento angolano. Quantas
assinaturas esperam recolher?
DD: Nós
estabelecemos o tecto de mil de assinaturas, mas pelo que estamos a ver, estamos
em crer que daqui a uma semana conseguiremos reunir três mil ou mais. Isso
seria muito bom para que a presidente da Assembleia Nacional receba essas
subscrições e perceba que esta iniciativa não é só da UNITA. A população também
não quer o Presidente da República. E esperamos contar com a colaboração dos
próprios deputados afectos à bancada parlamentar do MPLA, porque o problema não
é com o MPLA. O problema é entre o cidadão e o Presidente da República. O
Presidente da República sistematicamente viola a Constituição que ele jurou
defender.
DW África:
Considera que a proposta de destituição que a UNITA apresentou é realista? Como
sabe, é preciso que dois terços de deputados em efectividade de funções votem
favoravelmente pela destituição do João Lourenço. Acha que do lado do MPLA
poderá haver algumas surpresas?
DD: Eu
ainda acredito e acredito vivamente que a bancada do MPLA pode nos surpreender.
Porque o problema não é só com a oposição ou com a sociedade, mas também dentro
do próprio partido. Dentro do MPLA o clima não está bom. João Lourenço dividiu
o MPLA, promoveu o ódio, incentiva a perseguição política até aos próprios
membros do MPLA.
DW África: Está
a falar da perseguição à família dos Santos, por exemplo?
DD: Exatamente.
A família dos Santos, aquele grupo tido como "Eduardista”, que não se
identifica com os ideais de João Lourenço, são todos perseguidos. E não é só a
família de Eduardo dos Santos que lesou a pátria, que surrupiou os fundos
público. A ala de João Lourenço também faz exactamente a mesma coisa. Temos o
exemplo do seu director de gabinete, Edeltrudes
Costa, que foi acusado de ter desviado mais de 25 milhões de euros.
Continua impune, continua a ser protegido pelo Presidente. Então não podemos
ter um Presidente que persegue ou pune uns e continua a proteger outros. Isso
representa violação clara da Constituição.
DW África: E se
a petição não for discutida na Assembleia Nacional como pretendem, estão a
preparar uma mega manifestação em Angola e também na Diáspora para exigir esta
destituição, não é assim?
DD: Oportunamente
terão conhecimento, mas a ideia é mesmo essa. Caso a Assembleia não avance com
a discussão desse processo, sairemos às ruas em todo o país e na Diáspora para
exigirmos a destituição de João Lourenço do poder.
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