Independentemente do resultado do processo iniciado pela UNITA para destituir o Presidente, analistas acreditam que algo está a mudar na governação do MPLA e dizem que Angola não será mais a mesma.
Numa altura em
que decorre o processo que visa destituir o Presidente angolano, João Lourenço,
analistas acreditam que independentemente dos resultados desta proposta da
UNITA algo vai mudar na maneira de agir do Governo do Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA).
Poderá o sentido
de responsabilidade do lado do Executivo registar algum avanço? Há quem entenda
que o objetivo da proposta já foi alcançado.
Chamar a atenção
da sociedade angolana para dizer que é possível responsabilizar o Presidente da
República pode ser um dos objectivos desta iniciativa. Nos últimos dias, o
assunto destituição tem sido um dos mais comentados no país.
Resultados
práticos?
A proposta da
iniciativa do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de
Angola (UNITA), o maior partido da oposição, ainda não deu entrada na
Assembleia Nacional, mas há quem já veja mudanças na forma de agir da
Presidência angolana.
A retirada da
gestão da Reserva Estratégica Alimentar ao grupo empresarial Carrinho e o
empossamento da candidata mais votada pelos seus pares no Tribunal Supremo são
alguns dos exemplos apontados pelo jurista Eulândio Dembi.
"A Reserva
Estratégica Alimentar já foi retirada deste grupo", lembra. Além disso,
continua, "contrariamente a essa última eleição que decorreu no Tribunal
Supremo para o preenchimento da vaga de vice-presidente do mesmo
tribunal, aqui, o Presidente da República já indicou, já nomeou, já deu posse a
vice-presidente que foi escolhida pelos juízes que exerceram o seu direito de
voto".
Angola não será
mais a mesma
O jornalista e
analista Manuel Godinho mostra-se cético quanto a um resultado favorável para o
proponente, tendo em conta a forma como estão compostas as instituições que têm
a responsabilidade de dar seguimento ao caso. Mas não tem dúvidas de que o país
já não será o mesmo, independentemente do desfecho que se dará ao dossiê
destituição.
"Isso vai
elevar a cultura do respeito com o bem público, com as leis. O Presidente,
agora, vai avaliar os passos que está a dar na sua governação", afirma.
"Ouvimos
que ultimamente a Omatapalo está recebendo com base na adjudicação direita e já
se falou muito disto, e chamou-se atenção que a forma direita para roubar
dinheiro do povo é por esta via", exemplifica.
Destituição não
é o fim do país
Os analistas
manifestam preocupação com a forma como o assunto está a ser abordado em alguns
círculos, chegando a ser confundido com um golpe de Estado.
O docente
universitário António Dias esclarece que o afastamento de um chefe de Estado
não é fim de uma nação: "A saída de um Presidente não significa acabar com
o país. O próprio Presidente, no exercício das suas funções, quando identifica
irregularidades no pelouro do seu Governo, exonera e nomeia outras
pessoas", sublinha.
"A
assembleia constatou e o povo está a observar que não está a cumprir, é normal
ele sair, o país não vai parar. Devemos fazer as pessoas perceber esta
mentalidade", conclui António Dias.
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