Antigos combatentes da RENAMO na província de Zambezia, vendem material de construção doado pelo Governo, para poderem adquirir bens básicos. Estão dependentes das famílias para sobreviver, por não receberem subsídios.
Quando o processo de Desarmamento,
Desmobilização e Reintegração Social (DDR) dos guerrilheiros da RENAMO
iniciou na zona centro de Moçambique, no ano passado, alguns desmobilizados
optaram por regressar para junto das suas famílias na província da Zambézia.
O Governo ofereceu-lhes terrenos na cidade de Mocuba, no
norte da província, para construírem casas. Mas as casas ficaram por construir
porque os desmobilizados se viram obrigados a vender o material de construção
oferecido para comprar comida e roupa.
O facto foi confirmado à DW África pela chefe do
departamento dos assuntos sociais dos desmobilizados da RENAMO na Zambézia,
Maria Rita Abílio. "Isso está a acontecer por causa da demora de fixação
das pensões", disse Abílio, explicando que nos primeiros 18 meses da
desmobilização, os visados recebiam assistência financeira a cada três meses.
Sem fundos para sobreviver
Mas, findos os 18 meses, a pensão prometida não se materializou.
"Imagina a pessoa que foi desmobilizada em 2020, passam quantos anos? Esta
pessoa como está a sobreviver?", pergunta Abílio.
Um dos desmobilizados que não se quis identificar por medo
de sofrer represálias disse à DW África que a sua sobrevivência depende
do amparo da família: "Nós não temos como sobreviver".
Violação do DDR
Para o analista político Lourindo Verde, a falha na distribuição
dos subsídios é grave, e fere o compromisso assumido pelas lideranças
do Governo e da RENAMO para o processo de Desarmamento, Desmobilização
e Reintegração (DDR).
Reintegração, disse Verde à DW África, significa "que
os antigos guerrilheiros tenham as mínimas condições para recomeçar a vida”.
Em outubro, mais 500 guerreiros da RENAMO das bases de
Morrumbala e Mocuba na província da Zambézia, foram desmobilizados no povoado
de Murrothone, posto administrativo de Mugeba. A maioria dos desmobilizados não
tem casa própria e vive em habitações familiares ou cedidas por conhecidos.
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