Ex-combatentes da RENAMO sem subsídios - Ver Moçambique

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Ex-combatentes da RENAMO sem subsídios

Antigos combatentes da RENAMO na província de Zambezia, vendem material de construção doado pelo Governo, para poderem adquirir bens básicos. Estão dependentes das famílias para sobreviver, por não receberem subsídios.


Quando o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração Social (DDR) dos guerrilheiros da RENAMO iniciou na zona centro de Moçambique, no ano passado, alguns desmobilizados optaram por regressar para junto das suas famílias na província da Zambézia.

O Governo ofereceu-lhes terrenos na cidade de Mocuba, no norte da província, para construírem casas. Mas as casas ficaram por construir porque os desmobilizados se viram obrigados a vender o material de construção oferecido para comprar comida e roupa.

O facto foi confirmado à DW África pela chefe do departamento dos assuntos sociais dos desmobilizados da RENAMO na Zambézia, Maria Rita Abílio. "Isso está a acontecer por causa da demora de fixação das pensões", disse Abílio, explicando que nos primeiros 18 meses da desmobilização, os visados recebiam assistência financeira a cada três meses.




Sem fundos para sobreviver

Mas, findos os 18 meses, a pensão prometida não se materializou. "Imagina a pessoa que foi desmobilizada em 2020, passam quantos anos? Esta pessoa como está a sobreviver?", pergunta Abílio.

Um dos desmobilizados que não se quis identificar por medo de sofrer represálias disse à DW África que a sua sobrevivência depende do amparo da família: "Nós não temos como sobreviver".

 

Violação do DDR

Para o analista político Lourindo Verde, a falha na distribuição dos subsídios é grave, e fere o compromisso assumido pelas lideranças do Governo e da RENAMO para o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). 

Reintegração, disse Verde à DW África, significa "que os antigos guerrilheiros tenham as mínimas condições para recomeçar a vida”.

Em outubro, mais 500 guerreiros da RENAMO das bases de Morrumbala e Mocuba na província da Zambézia, foram desmobilizados no povoado de Murrothone, posto administrativo de Mugeba. A maioria dos desmobilizados não tem casa própria e vive em habitações familiares ou cedidas por conhecidos.

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