O retorno gradual dos deslocados é fatual e fruto das ofensivas militares contra os terroristas. No último episódio do “Histórias de Fuga”, a DW fala dos que arriscaram e decidiram voltar à casa para refazer a vida.
As ofensivas
militares contra os terroristas no norte de Moçambique, levadas a cabo pelas
Forças de Defesa e Segurança, tropas ruandesas e da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) permitiram o restabelecimento de
alguma estabilidade.
Esse cenário tem
propiciado o retorno gradual de alguns deslocados internos, que,
chegados a casa, recomeçam a vida. Neste sexto e último episódio do
Histórias de fuga, da DW, falamos de pessoas que já voltaram a Mocimboa da
Praia depois de lá terem fugido devido à insegurança.
Muitos
residentes, sobretudo jovens, começam agora a regressar ao distrito de Mocímboa
da Praia e a outros pontos de Cabo Delgado. Tentam recuperar os
seus negócios, retomar os campos agrícolas, a pesca e outras atividades.
Rachid Abdala é um dos jovens empreendedores que decidiram
voltar a casa, depois de momentos de fuga motivados pelo extremismo violento.
"Eu tenho três meses aqui. [A situação de segurança] já está boa e nós estamos a ficar bem. Valeu e estamos a pedir [para o clima de acalmia] ficar assim mesmo”, contou Rachid Abdala.
Tal como vários outros naturais e residentes de Mocimboa da
Praia que se viram forçados a deixar a região, com a escalada da violência em
2020, o jovem Rachid teve de encontrar acolhimento na residência de parentes no
distrito de Montepuez, no extremo sul de Cabo Delgado.
Mas, a vida nunca mais foi a mesma. Conta que passou por
várias dificuldades, para alimentar-se e garantir a sua sobrevivência, a da
esposa e a dos dois filhos.
"A vida está boa”
Fabião Tiago é outra vítima do terrorismo em Mocimboa da
Praia. Quando fugiu em 2020, atravessou as fronteiras do Rovuma e refugiou-se
na vizinha Tanzânia. Em Março de 2022 voltou ao país mas acantonou-se no
distrito de Mueda, onde desenvolvia atividades agrícolas.
Voltou agora à Mocimboa da Praia para verificar o ambiente
de segurança. Em entrevista à DW África, Fabião Tiago diz ter gostado do que
encontrou na sua terra natal.
"Vinha visitar mas o que estou a ver agora
a vida está boa. Daqui a nada tenho de regressar a Mocimboa fazer vida”, Fabião
Tiago.
Fazer, aliás refazer a vida é o que vários deslocados
internos desejam quando voltam a casa, onde praticamente tudo foi deitado
abaixo pelas ações terroristas.
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