Numa visita de dois dias à Etiópia, as ministras dos Negócios Estrangeiros alemão e francês defenderam que a responsabilização dos abusos cometidos em Tigray, desde 2020, é essencial para uma paz duradoura no país.
As ministras dos Negócios
Estrangeiros da França e da Alemanha, Catherine Colonna e Annalena Baerbock,
respetivamente, defenderam, em Adis Abeba, que não pode haver
reconciliação sem justiça. As governantes visitaram a Etiópia para darem o
seu apoio ao acordo de paz assinado no ano passado entre as forças rebeldes da
região de Tigray e o Governo do país, e que pretende pôr fim a dois anos
de guerra.
Colonna e Baerbock estiveram em
Adis Abeba esta quinta e sexta-feira, pouco depois de os rebeldes de
Tigray terem anunciado que começaram a entregar as suas armas pesadas, como
previa o acordo
assinado em novembro.
Numa conferência de imprensa
conjunta, a ministra francesa saudou os progressos das últimas semanas:
"As hostilidades cessaram, a ajuda conseguiu chegar às regiões que não a
tinham recebido e começou o desarmamento [por parte dos rebeldes]",
disse.
Na mesma altura, Annalena
Baerbock apelou ao estabelecimento de um mecanismo de justiça para punir os
abusos cometidos durante o conflito.
"Nós, alemães e franceses,
sabemos por experiência própria que a reconciliação não acontece da noite
para o dia. Sem uma perspetiva de justiça para as vítimas dos crimes, a
reconciliação e a paz duradoura não são possíveis", disse.
O vice-primeiro-ministro e
ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, Demeke Mekonnen, disse nesta
mesma conferência que Adis Abeba iria assegurar que os crimes não ficassem
impunes.
Retirada de forças estrangeiras
Na quinta-feira (12.01), o
Exército da Etiópia fez saber que as forças da região de Amhara, que apoiaram o
Governo durante os dois anos de conflito, se retiraram de uma grande cidade de
Tigray.
Para além do desarmamento das
forças de Tigray, a retirada de forças estrangeiras do terreno [as forças de
Amhara e da Eritreia –
que apoiaram o Governo] é condição essencial para o cumprimento do acordo
de paz.
Os soldados eritreus começaram a retirar-se de várias grandes cidades em Tigray, incluindo Shire, no final do mês passado. Mas, segundo relatos de residentes às agências noticiosas, ainda não deixaram as cidades por completo.
Os combates começaram em novembro
de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o Exército para deter os
dirigentes no Tigray que contestavam a sua autoridade há meses, acusando-os de
terem atacado bases militares federais.
A guerra deslocou mais de dois
milhões de etíopes e deixou centenas de milhares à beira da fome, segundo a
ONU.
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