Angola: Queda histórica do kwanza
Moeda nacional angolana passou pela primeira vez os 800
kwanzas por dólar. Finanças continuam sem intervir nos mercados.
A moeda nacional de Angola desvalorizou-se na tarde desta
segunda-feira (26.06) para mais de 800 kwanzas por dólar pela primeira vez.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg,
o kwanza está a perder pelo sétimo dia consecutivo, chegando a valer 804,37
kwanzas por dólar esta tarde, passando a ser a segunda pior moeda a nível
mundial na comparação com o dólar.
O kwanza já caiu 37% desde 11 de maio, no seguimento da
decisão governamental de acabar com os subsídios estatais aos combustíveis, o
que motivou forte contestação social e um aumento dos preços.
O Presidente de Angola, João Lourenço, já defendeu que o
banco central deve implementar medidas para fortalecer o kwanza, além de ajudar
a economia a diversificar-se e controlar a inflação.
Tesouro deverá continuar sem intervir
O terceiro maior produtor de petróleo na África subsariana
não vendeu dólares em Abril e maio, de acordo com a agência de notação
financeira Fitch Ratings, que antevê que o Tesouro continue sem intervir nos
mercados.
"O Tesouro nacional reduziu a venda de moeda externa
porque cobrou menos impostos e receitas dos direitos petrolíferos",
comentou o investigador António Estote, da Universidade Lusíada de Angola, à
Bloomberg.
A inflação em Angola aumentou para 10,62% em maio, pondo fim
a 15 meses de declínio, depois de o Governo ter cortado os subsídios aos
combustíveis.
O
novo governador do Banco Nacional de Angola já reviu a previsão de
inflação para este ano em alta, antecipando agora um aumento dos preços entre 9
e 11% no final de 2023.
Previsões económicas em baixa
Na sexta-feira, a agência de notação financeira Fith Ratings
desceu a perspetiva de evolução da economia de Positiva para Estável, mantendo
o 'rating' em B-.
"A revisão do 'outlook' de Angola de Positiva para
Estável reflecte as previsões de menor crescimento económico, maior inflação e
um aumento no rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) em resultado
da forte depreciação do kwanza", lê-se na nota que explica também a
decisão de manter o 'rating' em B-.
A Fitch Ratings reduziu a previsão de crescimento para 1,5%
do PIB este ano, 2% no próximo ano, face aos 3,1% registados em 2022, estimando
também que a inflação suba de 14,7%, no final deste ano, para 17,1% em 2024,
quando até agora previa que já no próximo ano os preços crescessem a apenas um
dígito.
Na nota, os analistas estimam ainda que o kwanza, que perdeu
30% do valor face ao dólar no primeiro semestre, chegue ao final do ano a valer
760 kwanzas por dólar, face aos 504 kwanzas por dólar no final de 2022,
"mas uma depreciação maior é possível se a oferta interna continuar
limitada", alertam.
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